Congelamento de óvulos: técnica não é sinônimo de gravidez, alerta especialista

Dr. Alfonso Massaguer afirma que a mulher deve fazer um bom planejamento familiar para que consiga ter sucesso numa gravidez futura

A mulher moderna adotou novos padrões de comportamento em relação a gerações mais antigas e a gravidez tardia passou a ser uma realidade que se apresenta como um desafio para a ciência.

A opção por engravidar após os 35 anos é uma aposta da mulher, seja porque ela está em busca de mais estabilidade financeira e prioriza a carreira, ou, simplesmente, por achar que a maternidade não é uma opção em dado momento da vida.

A consequência desse padrão de comportamento é a busca pela preservação da fertilidade, mesmo após a idade fértil indicada para uma gravidez. Isso explica, o aumento pela procura do congelamento de óvulos, com certeza uma das alternativas mais buscadas por mulheres que desejam obter uma extensão da fertilidade.

Contudo, o que muitas mulheres não sabem é que elas podem estar apostando alto em suas expectativas. O congelamento de óvulos é uma técnica que não garante 100% de eficácia como alerta o especialista em medicina reprodutiva, o Dr. Alfonso Massaguer, diretor da Clínica Mãe de Reprodução humana.

“Para que o congelamento de óvulos seja realmente uma boa opção para a extensão da fertilidade, é necessário saber que essa técnica depende de outros fatores como a idade que você congela e a quantidade de óvulos que você congelou, por esse motivo é essencial que a mulher faça um bom planejamento familiar para que ela consiga realmente ter sua gravidez futuramente”, explica.

As chances de gravidez após 35 anos

Por ser uma técnica recente, não se sabe com precisão a taxa futura de gravidez, mas os trabalhos realizados até aqui mostram que mulheres que congelaram por volta de 20 óvulos com menos de 35 anos tem uma taxa de gravidez futura que atinge em algo próximo a 95%. Após os 35 anos de idade, mesmo congelando número similar de óvulos, a taxa de sucesso do procedimento é bem menor. A partir dos 40 anos a queda é ainda mais acentuada, sendo difícil conseguir um grande número de óvulos e a maioria destes não terá qualidade para se tornarem um bebê.

Por isso é preciso ter plena consciência das reais possibilidades de sucesso de uma gravidez e não apostar todas as expectativas no congelamento. “Se possível, faça mais de um ciclo de congelamento e sempre converse com o seu médico para ter uma estimativa de qual risco você está correndo de engravidar após os 40 anos, por exemplo, ou até mesmo em uma idade mais avançada”, recomenda o especialista.

Riscos da gravidez tardia

Mulheres mais velhas que desejam engravidar precisam conhecer os riscos de uma gravidez aos 40 anos. Por conta da idade mais avançada na questão da reprodução, as chances de complicações são maiores. Tanto que, automaticamente, a gestação é encarada como de alto risco. Os riscos estão relacionados ao desenvolvimento de alguns distúrbios como diabetes gestacional e até mesmo hipertensão. Além disso, o índice de abortos espontâneos sobe drasticamente.

Outro problema recorrente é a distocia funcional. Esse é um distúrbio caracterizado pela não evolução adequada do trabalho de parto, que pode envolver desde a ausência de contrações, até falta de dilatação. Mais um risco é em relação aos partos prematuros. “A taxa de nascimentos do gênero chega a 15%, justamente por conta de complicações. O bebê também pode ter algumas alterações cromossômicas numéricas ou estruturais, como a síndrome de Down, porém, tais complicações se reduzem drasticamente com o congelamento de óvulos e análise embrionária”, explica Massaguer.

Acompanhamento médico é fundamental

Manter um acompanhamento periódico com um médico que tenha experiência no assunto é a primeira providência a ser tomada. Além disso, é importante ter uma alimentação balanceada, evitar muito esforço, ter atenção redobrada em relação a ingestão de medicamentos, entre outros cuidados. “Apesar das chances serem menores, uma gravidez aos 40 é totalmente possível. Tudo é uma questão de procurar o profissional certo que possa te orientar sobre os melhores tratamentos, os riscos envolvidos no processo, bem como os cuidados a serem tomados para garantir uma gestação mais tranquila”, finaliza o médico.

Sobre Dr. Alfonso Massaguer – CRM 97.335

É Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas e atua em Reprodução Humana há 20 anos. Dr Alfonso é diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida. Foi professor responsável pelo curso de reprodução humana da FMU por 6 anos. Membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM). Também é diretor técnico da Clínica Engravida, autor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina, com passagens em centros na Espanha e Canadá.

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